Dica de Leitura: Inovação Aberta

Thiago Almeida
thiagoalmeida.co
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3 min readSep 13, 2017

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É provável que até 2020 as principais organizações do mundo tenham adotado o modelo de inovação aberta.

O conceito foi proposto no início dos anos 2000 pelo pesquisador norte-americano Henry Chesbrough, a partir de sua experiência como executivo em diversas empresas do vale do silício e de seu trabalho acadêmico. Em 2003, Chesbrough lançou seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology, onde apresenta a história da pesquisa e desenvolvimento dentro das empresas ao longo do século XX, demonstrando como este processo resultou no modelo de inovação aberta.

Neste texto eu comento brevemente a versão em português da obra, lançada no Brasil.

Antes de mais nada: o que é inovação aberta?

O QUE É A INOVAÇÃO ABERTA?

A ideia é simples: em um modelo de inovação aberta a empresa irá buscar no ambiente externo parceiros, tecnologias e recursos, que possam gerar sinergia com seus projetos de inovação para futuros produtos e serviços. É como se a empresa constituísse uma grande rede em torno da criação de uma inovação, onde todos compartilham os resultados.

Mas qual o benefício deste modelo?

A empresa ganha velocidade, pois já não precisa partir sempre do zero ou ter dentro de casa todos os recursos; reduz os custos de desenvolvimento; melhora o desempenho do processo de inovação e pode aumentar o impacto de seus projetos.

E qual o malefício deste modelo?

A empresa perde parte do controle sobre o processo, além de desenvolver maior dependência em relação aos recursos e capacidades dos parceiros.

Como é a estrutura do livro?

Chesbrough organizou seu livro de forma muito interessante, apresentando, na primeira parte da obra, a razão pela qual as empresas privadas começaram a praticar inovação, detalhando como surgiu o modelo que hoje conhecemos como P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Para quem tem interesse na história da inovação organizacional, os primeiros capítulos são um prato cheio.

Na sequência, o autor apresenta o conceito de inovação fechada, descrito por ele como o paradgima dominante de inovação praticado pela maioria das empresas no mundo e no vale do silício, principalmente.

O QUE É A INOVAÇÃO FECHADA?

A ideia é simples: em um modelo de inovação fechada, a empresa irá gerenciar e controlar todas as etapas do processo de inovação, desde a concepção, desenvolvimento, até o produto chegar ao mercado.

Mas qual o benefício deste modelo?

A empresa pode controlar e garantir seu padrão de qualidade, além, é claro, de manter sua inovação em sigilo até a véspera de seu lançamento.

E qual o malefício deste modelo?

A empresa gasta muito mais dinheiro durante o processo de pesquisa e desenvolvimento, leva muito mais tempo para ter a solução prototipada e testada (afinal, ela precisa desenvolver cada ítem de seu novo produto ou serviço dentro de casa) e pode correr o risco de chegar ao final do desenvolvimento (que costuma levar anos em alguns casos) com uma versão do produto que não atende exatamente às necessidades do mercado.

Chesbrough cita diversos exemplos de empresas extremamente bem sucedidas no modelo de inovação fechada ao longo do século XX. No entanto, o autor vai aos poucos demonstrando como este paradigma começou a apresentar resultados menos efetivos a partir dos anos 1970.

Com o advento da internet, crescimento das tecnologias digitais e facilidade para criação e desenvolvimento de startups, o mundo ocidental viu florecer o contexto favorável para o surgimento da lógica da economia colaborativa.

A perspectiva de trabalho em colaboração e em rede ofereceu uma grande oportunidade para empresas de menor poder de investimento passarem a realizar programas de inovação em conjunto com outros parceiros, pesquisadores e startups.

Um dos capítulos do livro é dedicado à discussão dos modelos de negócio abertos, em que Chesbrough argumenta sobre a importância da inovação aberta ser entendida como uma lógica de negócios, e não apenas como um processo para se criar novos produtos e serviços.

Na parte final da obra, o autor detalha exemplos de empresas que adotaram modelos bem-sucedidos de inovação aberta, como Intel e IBM.

Considerações Finais

Naturalmente, se trata de uma obra introdutória, que não apresenta modelos ou frameworks práticos para adoção da inovação aberta, porém se demonstra uma excelente leitura para quem deseja começar a entender mais sobre o tema.

Além disso, o livro apresenta referências de autores e de outras obras que podem servir de fonte de pesquisa para os mais interessados.

Fica a dica!

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Pesquisador | Professor | Idealizador da Escola Hub | Doutor pelo COPPEAD/UFRJ